segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Castelo de Vidro



Autor: Jeannette Walls

Texto: Adriano Dias

Sempre gostei de biografias, porém, tem que saber escrevê - la, como um homem que conta uma piada, não basta saber o conteúdo, tem que saber expressá-la, tem que saber contá – la tem que fazer os ouvintes rirem. Em uma biografia, tem que fazer os leitores se emocionarem, amarem a história, amarem a biografia.

Jeannette Walls conseguiu fazer tudo isso, ela teve uma vida e tanto e soube descrever . A família e suas derrocadas nômades, ela o transformou em vitórias, ao digitar essas linhas me lembro do livro e me emociono, como dois loucos (os pais) criaram com amor (por sinal diferente dessa proteção que os pais convencionais dão) seus filhos, tinham muitos defeitos, mas sobrepôs o amor aos filhos e ideais.


Lendo você vai rir, outras horas chorar, outras ficar com raiva e outras ainda amar. Mas não é para isso que lemos, para sentir emoções, fazer os sentimentos ficarem a flor da pele, de tal modo que os olhos lagrimejem, e tentamos esconder essas lágrimas que nos transforma em pessoas! Pois lá no Castelo de Vidro, tem uma vida de uma família nada convencional, nada tradicional, que não estava buscando dinheiro como todos, na verdade não sei o que eles buscavam, mas sei que olhei as famílias de modo diferente depois de ler, pois a um ditado que diz “mãe é tudo igual, só muda o endereço”, a mãe da Jeannette não parece nada com a minha, meu pai não parece com o dela, o que posso dizer: Acho que o ditado falhou dessa vez. Mas como de praxe, fica um pedacinho do livro, para instigar quem não leu, e para quem leu, relembrar...

Pela segunda vez, eu afundei. A água mais uma vez invadiu meu nariz e meus pulmões. Esperneei e me debati até conseguir subir à superfície, buscando ar, e tentei alcançar o papai. Mas ele se afastou, e eu só senti as suas mãos me sustentando depois da segunda vez que afundei.
Ele repetiu os mesmos gestos de novo, e mais uma vez, até eu compreender que ele só me salvava para me jogar dentro d’água novamente. Por isso, em vez de tentar alcançar as mãos do papai, eu comecei a tentar me afastar delas. Eu o chutava e me afastava dentro d’água usando os braços e, finalmente, consegui me impulsionar para além do seu alcance.
Você conseguiu, filhota! Você tá nadando! — gritou ele.
Arrastei-me para fora d’água e sentei sobre umas pedras calcificadas, com o peito arfando. Papai também saiu da água e tentou me dar um abraço, mas eu não quis nada com ele, nem com a mamãe, que tinha ficado boiando o tempo todo, como se nada estivesse acontecendo, nem com o Brian ou com a Lori, que vieram até mim para me dar os parabéns. Papai ficava dizendo que me amava, que nunca me teria deixado na mão, mas que eu não podia passar a vida inteira agarrada à borda, que uma lição que todo pai tem que dar ao filho é que “se você não quer afundar, é melhor tentar descobrir uma maneira de nadar”. Que outra razão, perguntou ele, poderia haver para me fazer passar por aquilo?
Quando recuperei o fôlego, eu comecei a achar que ele estava certo. Não podia haver outra explicação.”

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